sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Enlaces: uma nova série de Alex Nuñes

Soneto de fidelidade

Vinícius de Moraes[1]

 

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure

 

Enlaces

Esta é a nova séria escultória que Alex Nuñes está envolvido em realizar.

Admirado pelas mãos do trabalho, o escultor deu início a um novo projeto, derivado do anterior que, agora, registra as mãos dos enamorados, dos casados, dos que comemoram o casamento de longos anos ou mesmo dos recém-casados.

E a séria teve início com as mãos de Rodrigo e Adriana, amigos do escultor.

O processo de tornar eternas as mãos...

A cada novo casal que conhece, o escultor se defronta com a curiosidade sobre o processo que é composto por moldar, desenformar, retirar excessos, esculpir detalhes, valorizar sutilezas e evidenciar as alianças usadas.

Para valorizar cada uma dessas etapas, Nuñes está organizando a Exposição de imagens intitulada
“Enlaces”, que ocorrerá – de modo presencial e on-line – em abril de 2022. Aguarde o convite!



[1] Escrito em Portugal em outubro de 1939 e publicado em 1946 no livro Poemas, Sonetos e Baladas, Soneto de fidelidade é um dos poemas amorosos mais famosos do escritor brasileiro Vinícius de Moraes.


terça-feira, 28 de setembro de 2021

Parque Internacional Domadores de Pedras

 

Alex Nuñes: Domador de Pedra.

O parque internacional de Esculturas Domadores de Pedra recebeu, neste início de primavera, o Escultor Alex Nuñes. Foi na manhã desta terça, dia 28 de setembro.

O intuito da visita do escultor radicado em Bento Gonçalves desde 2018, foi inserir, na coleção do Museu, peças de suas linhas escultórias. A partir de agora, a convite do Instituto Tarcísio Michelon, esculturas das séries SapiensPortais e Cuore estarão em exposição e poderão ser adquiridas na sala de exposições do Parque.

Domadores de Pedra

Acolhido na original rota “Caminhos de Pedra” (Linha Palmeiro, 340 – Distrito de São Pedro, em Bento Gonçalves), o Parque Internacional de Escultura reúne, em 3,8 hectares providos de uma trilha para visitação e exuberante mata nativa, um grupo de 39 obras monumentais em basalto.

As esculturas resultaram da presença de arqueólogos, escultores, geólogos, taipeiros e arquitetos que, a convite do Instituto Tarcísio Michelon, reúnem-se, desde 2012  para esculpir, dialogar, aprender e ensinar a arte de “domar” a rocha.

O Simpósio Internacional de Escultures trouxe para o Brasil, desde 2012, expoentes dessa arte de países como Espanha, Alemanha, Argentina, Itália, França, Turquia, Bulgária, Bélgica Grécia, Áustria, Colômbia, Irã, Sérvia, Portugal, Peru, China e Costa Rica. O resultado do encontro desses "domadores de pedra" pode ser conhecido em ou tour pelo parque, que está aberto à visitação diariamente.


segunda-feira, 24 de maio de 2021

Mãos do Trabalho na Vanguarda Livraria

 


Mãos do Trabalho: uma exposição de marcas...

Entre 10 e 30 de junho, na Vanguarda Livraria, Alex Nuñes estará expondo parte de sua série Mãos do Trabalho.

A abertura ocorrerá presencialmente, a partir das 17 horas, no Shopping Pelotas. Na bancada, a mão do escultor acompanhada das mãos de uma Graniteira, um Professor de Educação Física, uma Diarista, um casal de empresários, uma Fonoaudióloga, um Fisioterapeuta, uma Psicóloga, um Ferroviário, uma Historiadora e uma Escritora.

Nas mãos, marcas de ofícios.

Quando menino, Alex Nuñes conheceu, como muitos brasileiros, o trabalho. Suas mãos, cúmplices e testemunhas, ainda hoje guardam muitas das marcas adquiridas. Assim como outros ofícios, a arte escultória também deixa impresso, nas mãos, seus “rastros”: indícios de ferramentas e efeitos dos traços, dos materiais empregados e da força necessária para, do basalto, “revelar” o belo.

Mas, por que não registrar essas cicatrizes?

O que é a série Mãos do Trabalho?

A série Mãos do Trabalho surge como vestígio, assinalamento, efeito, símbolo, de parte do humano que realiza.

As mãos, nossas ferramentas primeiras, traçam, chancelam, desenham, inscrevem, marcam, cavam, martelam, empurram, batem, seguram, carregam, acarinham.

Há nas mãos uma variedade de músculos, tendões, ligamentos, falanges, pele e sensibilidade que permitem um amplo leque de movimentos.

É pelas mãos que mais intensamente o sapiens se diferencia dos demais no reino animal.

As mãos são a ferramenta mais importante da humanidade. Foram as mãos – a junção do polegar com os demais dedos de cada uma das duas mãos – que propiciaram construir a civilização.

Mãos trabalham.

Umas mais; outras, nem tanto.

Mas todas as mãos merecem ser observadas. Todas podem ser esculpidas!


Mãos gesticulam. Mãos falam!

Ao revelar mãos em gesso, Alex Nuñes aprimorou sua arte escultória. Pela delicadeza de cada uma das marcas impressas, o escultor precisou de novas e variadas ferramentas como estiletes, pinças, espátulas, lixas, pinceis e formões de tamanhos e formatos múltiplos.

Ao revelar gestos, modos de usar, pactos, evidenciou a relevância da cada uma das mãos para o grupo profissional que estará na exposição que se inicia dia 10 de junho.

Data, local e hora:

Série: Mãos do Trabalho.

Abertura: 10 de junho, 17 horas.

Local: Vanguarda Livraria – Shopping Pelotas.

terça-feira, 27 de abril de 2021

A cultura egípcia: uma experiência estética


Um faraó. Alex Nuñes, 2019 
Alex Nuñes

Bento Gonçalves, 27/04/2021

 

Resumo: No trabalho descrevo parte de minha experiência estética relacionada à cultura egípcia. Utilizo memórias que foram sendo acionadas especialmente para a tarefa e impulsionadas pela presença do tema no curso que atualmente realizo: História da Arte, coordenado pela Doutora Cristine Tedesco.

 

Na infância...

A primeira imagem que lembro em minha pequena infância, se relaciona com a cultura de filmes na TV, bastante forte em minha infância. Nela, filmes, documentários, desenhos, quadrinhos e esculturas eram vistas e causavam em mim encanto e curiosidade.

 A lembrança de filmes em que pirâmides e múmias eram intensas e criaram alguns problemas nas tarefas de escola. Um exemplo é o desejo de moldar, em argila, pequenas ocas indígenas. Sim! As ocas eram construídas com argila e, as minhas apresentavam particularidades, como por exemplo: formatos de pirâmides e riscos imitando tijolos. As professoras diziam: “Isto não é oca indígena! Esta tua oca parecer uma pirâmide! Tu não tem vergonha de ser neto de índio e não saber moldar uma oca?”

Eu era criança e desconhecia moralmente esta “vergonha” da qual as professoras falavam.

Vamos em frente.

Nos filmes que tratavam da cultura egípcia (Cleópatra, A Múmia, Os Caçadores da Arca Perdida, entre outros), tive contato visual com uma espécie de ave. Como nos filmes eles não falavam da ave, só mostravam que ela representava um Deus, fiquei curioso em descobrir qual espécie de ave era. Neste período não tinha internet. Então fui à Biblioteca municipal de Capão do Leão, município em que eu vivia.

Chegando lá, eu pensava: “Aqui tem a resposta”. Quando a atendente mostrou a estante de livros, fiquei assustado. Na minha cultura familiar, tu perguntas e alguém responde. Tudo certo. Mas eu estava diante de vários livros com centenas de páginas e...

Eu só queria saber nome da ave!

Então vamos à luta, como bom gaúcho. Comecei a folhear os livros e ler. As horas começaram a voar. Não me lembro do tempo transcorrido.

Depois de um tempo, a atendente falou: “Vou fechar a biblioteca!”

Eu tentei entender: Fechar? Eu estou estudando!!!!

Ela voltou e disse: “Tu, tem que trazer a tua mãe para fazer uma ficha”.

Eu fiquei triste. Mas não desisti. Sai na rua e encontrei uma amiga da minha mãe. Corri até ela e expliquei tudo. Ela me disse: “Vamos ali, eu tenho ficha”. Ela retirou o livro “História das Pirâmides”. Fiquei satisfeito e, com o livro nas mãos, fui para casa.

Lá, tentei descobrir o nome da ave. Lendo o livro, minha alma viajou pelos labirintos das pirâmides e o topo da cabeça da esfinge. Durante esta leitura e viagem tive a sensação de ser uma ave. No decorrer da leitura encontrei um deus chamado Hórus, que tinha cabeça de ave. Pensei: será que tem alguma ligação? A ave que estou procurando saber o nome com o deus Hórus? Lendo descobri que o Deus Hórus representava a ave da minha busca. A pesquisa, então, passou a ser sobre este Deus. Estudando sua história e representação para cultura egípcia, cheguei a ave misteriosa, o falcão peregrino. Com a leitura surgiram novos personagens do mundo egípcio. Como exemplo, cito Cleópatra, Nefertiti, múmias e o misterioso  mundo dos mortos.

Durante parte da minha infância e adolescência gostei de assistir filmes e documentários sobre o mundo egípcio.

Tenho também um gosto estético pela Nefertiti. Quero futuramente produzir uma escultura com minha leitura estética da Nefertiti. Já tenho uma escultura produzida há dois anos que lembra um faraó. E, durante o curso de história da arte, estou podendo viver novas experiências estéticas das civilizações antigas.

segunda-feira, 12 de abril de 2021

Salton: uma inspiração para Nuñes

 


O belo que alimenta

A vinícola Salton, um complexo localizado no distrito de Tuiuty, em Bento Gonçalves, encanta desde a chegada.

A empresa que originalmente localizou-se em Monte Belo do Sul, criou e hoje tem sob sua guarda um  novo conceito: “Terroir Salton”.

O que é isso?

O termo “Terroir” não é estranho para quem conhece minimamente o mundo do vinho.

Mas...

“Terroir Salton”?

Em busca e terras (em diferentes locais do Rio Grand do Sul), mão de obra (famílias associadas), manejo (tecnologia e pesquisa científica), qualidade (conjugação de enólogos familiares, viagens a outros centros produtores e cultura vinífera), mercado (venda de produtos para o Brasil e mais quinze outros países) e produto como espumantes de vinhos de qualidade única, a Salton cunhou, assinou o termo.

Com quatro gerações vivas atuando, é uma bem sucedida empresa. Em seu site, “terroir” é assim explicitado:

“Para oferecer um produto de excelência, o cuidado começa com a matéria-prima: a uva! Por isso, a Salton investe em pesquisa e manejo agrícola, sintonizadas com o cultivo de uvas de excelência, que são fundamentais para o resultado final de seus produtos. Explorando os benefícios dos diferentes terroirs para a produção das uvas utilizadas em seus vinhos, espumantes, frisantes, chás e sucos, a vinícola trabalha com frutos das principais regiões produtoras do Rio Grande do Sul.

 

Alex Nunes na Salton

Domingo, dia 11 de abril, estive lá. Me apaixonei. Vou voltar muitas vezes... Preciso de uma rocha de seu solo para produzir uma escultura.

domingo, 21 de março de 2021

O currículo de Alex Nuñes

 


Sapiens em Garibaldi


Sapiens: uma das esculturas de Alex Nuñes

Desde fevereiro de 2021, Alex Nunes está expondo uma de suas esculturas na galeria do Santa Gula Confeitaria e Café, no centro histórico de Garibaldi, una picola cità de origem italiana na serra gaúcha.

Admiradores da arte escultória e interessados nos achados que Alex Nuñes tem revelado a partir de rochas oriundas dos solos da região serrana, o casal de proprietários  abriu um espaço em seu estabelecimento para revelar e apoiar a arte do escultor.

Santa Gula

Localizado na Rua Dr. Carlos Barbosa, nº 14, o Santa Gula é uma cafeteria e confeitaria que comercializa excelentes quitutes.  Aproveite, quando estiver lá, e usufrua da gentileza dos proprietários, Renata Somacal e Ginei Chesini.

E...

Se faça acompanhar de uma fatia de torta de chocolate e morangos (a preferida de Alex Nunes) e um café.

Arte, café, um dolce e gentileza.

Nada melhor...

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Mãos do trabalho: Neiva Poletto

 

Artista: a mão de Neiva Poletto

Alex Nunes dá continuidade a sua linha escultória intitulada Mãos do Trabalho. Dessa vez, a escolhida a ser eternizada é a mão esquerda da Presidente da Associação de Artesãos e Artistas Plásticos de Bento Gonçalves, Neiva Poletto. Foi Neiva quem  recebeu Alex Nuñes quando esse se radicou no município e é ela que mereceu do escultor todo o carinho e reconhecimento.


Quem é Neiva Poletto?

A professora Neiva Maria Valenti Poletto lecionou Artes na Escola Agrotécnica Federal entre 1980 e 1997. Dedicada, apaixonada pela capacidade que a arte tem de contribuir para um mundo melhor, mais fraterno, mais humano e com menos desigualdades sociais, Neiva não é “Valenti” só no nome.

Família, amigos, arte, cultura são suas marcas de existência. Bruno, o marido e Andréa, Alex, Bruna, Caroline e Jean, os filhos, são sempre mencionados por ela como seus tesouros mais preciosos.

Natural de Bento Gonçalves, formada em Artes Plásticas e pós-graduada em Educação, Neiva é uma viajante apaixonada pela terra onde nasceu e, por isso, sempre volta.

Sensível, exigente, criativa e uma guerreira na defesa daqueles que ama, Neiva é dona de um par de olhos perscrutadores, de intenso azul.

Profissão

A carreira sempre foi voltada ao ensino. Iniciado no interior de Bento Gonçalves como professora, atuou também na Escola Agrotécnica, atual Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – Campus Bento Gonçalves.

Mesmo aposentada, continuou dedicando-se à arte: na “Casa das Artes” e no “Museu do Imigrante de Bento Gonçalves”, importantes espaços para novos artistas que surgem nesta cidade animada pela memória de velhos e pelas conquistas das gerações de italianos que se sucedem.

Recentemente empossada na Direção da Associação dos Artesãos e dos Artistas Plásticos de Bento Gonçalves, trabalha em prol da arte. Em suas palavras:


"Não consigo me ver em qualquer outra profissão, porque a paixão pela arte me fez e me faz uma pessoa melhor, desinibida, espontânea e com uma facilidade muito grande de ver no outro o reflexo de mim mesma".

 Alguns de seus prazeres, além dos já mencionados são: escrever, criar, pintar e jogar canastra. Neiva se declara apaixonada pelo mar, música romântica e Cuba, um país que conheceu, amou e com certeza, voltará.