segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Alex Nunes: uma biografia



Dados biográficos
e esculturais de 
Alex Nunes

Nascido em Santa Maria em 1979, Alex passou parte de sua vida junto à avó materna, dona Preta, que o ensinou a esperar.
Menino ainda, brincou muito com terra e água, fazendo suas primeiras argilas enquanto esperava o tempo de se tornar adulto. Algumas colheres eram suas ferramentas, o silêncio seu maior companheiro. Desse modo, desenvolveu uma sensibilidade extrema pelas vozes, seus timbres e entonações, durações e inconstâncias.
Na adolescência, conheceu e partilhou dias com graniteiros que trabalhavam na pedreira no município do Capão do Leão. Ali, entre homens, jovens e meninos que quebravam pedras dos mais diversos modos - com explosivos, picaretas, ponteiros e martelos - teve parte de sua informal formação com uma das rochas que admira: o Granito.
Adulto, realizou algumas viagens de estudos às cidades mineiras de Belo Horizonte, Congonhas, Sabará, Ouro Preto, São João Del Rei, Tiradentes, nas quais pode conhecer observar e admirar as primeiras manifestações da arte brasileira, fortemente influenciada pelos que esculpiram e ensinaram a esculpir. Com madeira e metais, alguns, com prata e ouro, outros. E com rochas de variada cores, densidades, porosidades, permeabilidades, dureza.
Paróquia São Francisco de Assis
Monte Belo do Sul.
Foto: Cristina Rosa
Foi em Minas Gerais no ano de 2010 que visitou o maior Museu de Arte Contemporânea do País, o Instituto Inhotim, chancelado como Jardim Botânico neste mesmo ano. De autoria do paisagista Roberto Burle Marx (1909-1994), conta com a colaboração de curadores botânicos, biólogos, engenheiros agrônomos, paisagistas e jardineiros, além de artistas e trabalhadores: é um feito coletivo que inspira.
De beleza rara e singular, Inhotim explora todas as possibilidades estéticas da coleção botânica e oportuniza ao estudante de arte um mergulho no Brasil profundo e o contato com a arte em forma bruta. A partir dessa presença, Alex produziu obras para a Exposição Mini Jardins (Pelotas, novembro de 2017), coletiva com os demais integrantes do Atelier Livre da UFPel.

Igrejas, Catedrais, Templos, Torres
Escultura em basalto negro inspirada
na Igreja da Paróquia São Francisco de Assis.
Alex Nunes tem especial predileção por igrejas e destaca como inspiradoras: a Catedral Nossa Senhora de Lourdes, de beleza imponente e construída em estilo gótico inglês, no coração de Canela, RS. Além dela, admira a Igreja Matriz Nossa Senhora de Lourdes e o Campanário de Pedra, em Flores da Cunha, RS.
A Igreja do Ó, edificação católica construída no início do século XVIII em Sabará, MG é uma de suas prediletas e a Igreja Matriz São Francisco de Assis, em Monte Belo do Sul, inspirou-o a esculpir sia fachada em basalto, transformando-se em uma memória dos lugares visitados.
Formação Acadêmica
Bacharel em Filosofia na Universidade Federal de Pelotas (2015), concluiu a Especialização em Metodologia do Ensino de Filosofia e Sociologia em 2016. Possui estudos adicionais no Mestrado em Educação e no Mestrado em Filosofia, ambos na UFPel, além de ter cursado disciplinas na Especialização em Filosofia.
Defrontou-se com o campo de estudos da Estética quando ingressou no Bacharelado em Filosofia. Convidado a ler Aristóteles, para quem a realidade é o sensível, Nunes buscou sua “composição de narrativas” através das experiências possíveis: evidenciar o que lhe é belo pela interferência na rocha. Decidiu, quando iniciou a esculpir, sustentar esse olhar sobre fragmentos de Granito, rocha utilizada para calçar as ruas das cidades na zona sul do Estado do Rio Grande do Sul.
Seu interesse pelos estudos de Estética gerou reflexões sobre a arte no mundo e no pensamento filosófico e, a partir do convívio com obras de arte a céu aberto no Estado de Minas Gerais, onde viveu no ano de 2010 e passou a visitar constantemente, tornou-se um observador atento de portais e cúpulas de Igrejas, em abundância nas terras de Aleijadinho.
Integra sua formação a admiração por acervos de colecionadores e a convivência com escultores que revelam, em salas e galerias em Porto Alegre, Caxias do Sul, Santa Maria, Bagé e Pelotas, um olhar peculiar sobre si mesmos e o mundo.
Com Bez Batti
João Bez Batti é o maior escultor brasileiro vivo.
Na imagem, Bez Batti e Alex Nunes
entre rochas a céu aberto
no pátio do escultor em Bento Gonçalves.
Uma das marcas da trajetória artística de Alex Nunes foi o convívio, iniciado em julho de 2016, com o escultor João Bez Batti (1940). Ao conhecer seu Atelier nos Caminhos de Pedra, zona rural de Bento Gonçalves, pode dialogar sobre sua potente obra em basalto, saber pela voz do escultor sobre sua infância, seus professores, influências, estudos. Assim, Nunes teve a oportunidade de compreender o processo criador que existe o Rio Grande do Sul e que é representado na vida e obra desse grande escultor Brasileiro. 
A obra: os basaltos e as séries criadas por Alex Nunes
Para Nunes, a expressão esculpir significa moldar, entalhar, lavrar em matéria dura, deixar impresso um modo de ver, sentir, representar. A escolha pelo basalto de seu pela variedade de cores, pelo resultado após o processo, pela admiração por Bez Batti.
Foi em contato com amigos aprendizes, lixadores de pedra, cortadores de basalto e granito, arquitetos e engenheiros, mestres de obra e calceteiros que vivem e trabalham com a rocha que surgiu a série Portais do Rio Grande do Sul. Em oficinas de escultores, pintores e artesãos e pela leitura sobre a história da arte, Nunes vem aprimorando sua expressão, atualmente representada em basalto e  granito.
Em 2017, estudou e partilhou, com outros curiosos e aprendizes, o Atelier Livre da UFPel. Ali, fez amigos e dialogou sobre arte e expressividade, sobre materiais e suas transformações em objetos de admiração. Mantém contato com amigos que trabalharam como cortadores de pedra e que ainda calçam as ruas de Pelotas. Ouve suas histórias, aprecia suas técnicas, observa a cidade que passa como se parte deles não existisse. Ao revelar um fragmento de sua juventude, declarou: “Já calcei ruas. Hoje, visito cada uma delas e recolho um exemplar que esteja descartado. Em casa, nomeio, numero, preparo um futuro com cada um dos fragmentos. Vou transformar em arte o que já foi dor”.

Primeira Exposição individual: Museu do Doce, 01/12/2018, Pelotas, RS

Em 2018, após pequenas mostras a convite de amigos, decidiu por uma exposição de parte considerável das obras que integram suas linhas escultóriasPortais do Rio Grande do Sul, Cuore, Ruas e Avenidas, Mãos do trabalho e Sapiens. 
1.   Portais do Rio Grande do Sul, composta por dezesseis portais em Basalto sobre Granito;
2.   Cuore, composto por corações esculpidos em seixos rolados recolhidos em rios do Rio Grande de Sul;
3.   Ruas e Avenidas, composta por oito esculturas que elogiam os solo do sul do RS;
4.   Mãos do trabalho, em gesso, elogiam as mãos que trabalham;
5.   Sapiens, a maior série, em homenagem ao humano e sua peculiar forma de pensar.

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